“Sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só.
Mas sonho que se sonha junto, é realidade.” Yoko Ono
Nem só de pandemia e dores, nem só da teimosia de certos senhores…. Há também a magia da mãe natureza e a empatia de sua beleza emoldurada em constelações, planetas e cores….
Contrapondo o cinza da nossa incerteza e assentada no verde de suas raízes, a generosa madre pode ao menos respirar um pouco e recuperar parte da necessária harmonia, enquanto a humanidade se afugenta dos riscos da pandemia.
Desta forma, parcialmente refeita, talvez ela possa, assim como se permitiu parir o vírus, iluminar a ciência e se permitir também parir o antivírus.
E aí, quem sabe, sacudidos, mas vacinados, possamos ter a chance de mudar e prosseguir o caminho nesse nosso intrigante espectro existencial.
Já há algum tempo que ela, natureza, vinha gritando através de seus fenômenos, pedindo socorro diante do patético comportamento humano. A desigualdade social, a fome e o inflar do ego através do consumo desenfreado se iam longe demais, enquanto sangravam o equilíbrio ecológico. Uma cutucada maior precisava ocorrer. E aqui estamos nós e o vírus. Fiquemos atentos! O verbo é aprender.
Sem dúvida, é duro viver num mundo amedrontado e ver milhões de pessoas sofrerem dessa enfermidade. Muitas saindo da história e indo para um outro plano ou dimensão.
Mas o paralelo do tempo e espaço nos ensina que nada é em vão. Aqueles que se forem deixarão um heroico legado, ainda que sofrido, enterrado num jardim de outono da história e regados de ensinamentos. E ao longo do tempo esse legado continuará sendo adubado, para num futuro próximo florescer e desabrochar em melhores dias que certamente virão – mais justos, mais equilibrados, mais ecológicos, mais humanos, quem sabe?! Afinal, como nos ensinam os mestres atemporais: – “A Terra é um planeta em evolução, que está vivendo os capítulos derradeiros de seu ciclo de expiação e provas, para se tornar um mundo de “regeneração””. Para os que se forem, a recompensa virá numa volta em outro cenário. A tal da lei do retorno tem dessas coisas… e outras.
Não por isso devemos nos acomodar, penso eu, pensemos nós. Viver é preciso. Navegar, nos mares da ciência, também. Precisamos sim, evitar o retrocesso e o negacionismo. E juntos buscar as soluções para conter a marcha das perdas nessa difícil história. Nos cuidar, começando pelo outro.
Se o risco desse vírus cuja força de propagação e letalidade nos aconselha cautela, paciência e nos remete ao isolamento enquanto a vacina não chega, ao menos temos nossas memórias, temos nossa mente e podemos viajar nela. E temos a nós mesmos para “trocar”, além da internet a nos conectar. Temos o céu, o mar, o horizonte… as estrelas, o sol, a lua e todos os outros astros ali adiante, que conspiram a nosso favor… Sempre.
Em nossa longa jornada da evolução, o infinito é o ponto final e o ônibus sideral é circular. Se ainda faltar algo a aprender, a gente volta e percorre tudo novamente. E quando as salas de aula terrenas desempenham o seu papel e nos propõem dúvidas, a gente olha para o céu e vai ao encontro desse poderoso oráculo: o sonho.
Nem só de pandemia e dores, nem só da teimosia de certos senhores…. Há também a magia da mãe natureza e a força de sua beleza emoldurada em constelações, planetas e cores….
Fascinante, a dança dos astros que ocorreu recentemente neste pingo de universo em que vivemos. A mecânica celeste, mais uma vez, brindou os habitantes da nossa latitude e longitude com a beleza plástica de vários planetas do sistema solar que nos rege. Desta vez, visíveis a olho nu numa mesma cena: Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno puderam ser vistos por volta de uma hora antes do nascer do Sol…
Esse movimento no céu se repete vez por outra. Mas demora alguns anos….
É o passado se fazendo presente, e se preparando para voltar no futuro.
Pensando nisso tudo, debruçado na janela do meu quarto, fiquei olhando para o céu e deparei com a lua crescendo, caminhando, querendo ficar cheia… E todo esse magnetismo lunar me remeteu ao passado. Coisa de cancerianos, que dizem que um passeio pelas memórias é sempre muito importante. Lembrei-me de uma história…
O relógio do tempo apontava para mais de dez anos de ré. Não lembro agora exatamente o ano, mas lembro de uma cena da história que pode explicar porque você chegou até aqui lendo o lunático do Lula Moura.
“…. Eu não levava muita fé de que aquele seria um curso que me acrescentaria alguma coisa.
Gestor de Sistemas de TI há bastante tempo, estava eu inscrito num “Curso de Projetos” que me fora imposto pela empresa onde trabalhava na época. E o professor nem era da área de TI (Tecnologia da Informação). Ele é Engenheiro Civil…
Mas, logo na primeira aula fui arrebatado pela pergunta que me lembraria os riscos das nossas inferências, e me provaria o contrário:
– Onde nasce um projeto?
< Perguntou o Professor Merhi Daychoum >
Após ouvir alguns palpites focados na lógica, ele deu a resposta (nada racional) que surpreendeu boa parte da turma e mostrou a ligação cósmica que me levou até ali: – No sonho! É no sonho onde tudo começa…
Eu, que sempre pensei dessa forma, passei a olhar o curso com outros olhos e a beber do vinho do conhecimento que aquele homem trazia em sua bagagem, nos ensinando uma metodologia de execução de projetos com contornos lógicos objetivos, sem queimar etapas, mas sem perder de vista o sonho.”.
Sim, o curso todo foi excelente…. Merhi Daychoum é um mestre que domina a arte de ensinar como ninguém. Ele nos mostrou que o sonho é algo poderoso e que devemos ficar atentos a ele, pois é o início de todo projeto. Nos mostrou também que, para materializá-lo, temos que ir ao encontro do que é necessário. Uma boa metodologia para dar forma e executá-lo, aliada à busca de intercâmbios de ideias, pessoas e recursos, é o caminho. E é aqui, no meio dessas palavras, que o universo nos une…
Pensando novamente naqueles planetas no céu, em disciplinada e sincronizada colaboração, nos fazendo esquecer por alguns instantes a terrível pandemia. Pensando também nos ensinamentos do mestre Merry (que a lua me trouxe à memória) me pus a refletir novamente.
A pandemia e o incomum alinhamento celeste, poderiam ser sinais.
Os significados dos sinais são variados e específicos para cada um que os capta. Para captá-los temos que abstrair e nos permitir, na mente, o link entre a realidade aparente e um plano diferente onde vivem muitos mestres. Temos que ter “olhos de ver”, “ouvidos de ouvir”, “mente de entender” e o “coração de sentir”.
O difícil momento pandêmico aponta para o final de um ciclo e consequente início de outro. A milenar sabedoria oriental nos ensina que crise é sinal de oportunidade. Nesse momento, a nossa principal oportunidade certamente diz respeito aos nossos comportamentos. Como diz a canção “Amigo” de Naire Siqueira e Tibério Gaspar: – Não se iluda, pois nada muda se você não mudar.
Para subirmos os degraus da escada que nos convida ao sucesso na vida em busca da evolução – seja material, seja espiritual-, é importante estarmos atentos aos sinais que a vida nos dá e procurar buscar as respostas e referências no aqui, agora, e também em outrora, pois é na iteração paralela do tempo que, muitas vezes, temos as respostas. Para dessa forma, com disciplina e método, obter a concretização dos nossos sonhos.
Nossa história está repleta de planetas, sinais, riscos e sonhos….
Um mundo onde passado, presente e futuro somam-se, interligados pelos mais variados tipos de arte. Onde é permitido ao “eu” se afirmar, desde de que consciente de que sem o “nós” não se consegue chegar – a lugar nenhum.
Talvez esse tenha sido o “sonho” do criador que ele segue tentando realizar. E vai conseguir, pois nós vamos ajudar…
“Sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só.
Mas sonho que se sonha junto, é realidade.”
(Raul Seixas também usou a frase de Yoko Ono, em sua canção ‘Prelúdio’)
Coisa boa, tê-lo por aqui dispondo do seu precioso tempo.
Vamos juntos nessa estrada…
Um beijo de luz no seu coração!
Rio de Janeiro, 22 de agosto de 2020.
Por LULA MOURA.
Ilustração: Cícero de Souza
Mano o sonho é o combustível das realizações , a loucura é a asa da arte e a fé é o caminho da vida, luz!
Isso aí, Mano!… Bjo no seu coração!..
As doces oportunidades de observar a natureza, advindas da pandemia me fizeram uma pessoa diferente. Essa crônica, é simplesmente o reflexo de como enxergo as coisas hoje. As muitas grandes luas que tivemos esse ano, a brisa suave que toca meu rosto, o som da chuva na calha pela manhã, coisas que passei a observar devido às circunstâncias atuais. Uma oportunidade de enxergar o mundo, mais do que apenas ver.
Excelente!
Luz
Obrigado pelo carinho, Lídia querida!… e pela bela resposta poética… Choudi! Bjo de luz no seu coraçãozão!
Foi necessário um mal para a natureza se revitalizar
Coisa boa! Com certeza, Marco Antonio querido!… Um mundo melhor há de vir pós pandemia… Namastê! Obrigado pelo comentário… Vamos juntos nessa estrada… Grande Abraço!